Implantar a educação financeira como disciplina curricular ainda é uma novidade em muitas instituições de ensino do Brasil. No entanto, na escola A Seara, localizado na zona norte de Natal (RN), essa realidade já faz parte do cotidiano escolar desde 2019 — e vem mudando não apenas a vida dos alunos, mas também de suas famílias e da própria escola.

Uma história de propósito

Com 30 anos de atuação, a escola A Seara nasceu de um sonho. Criada a partir da iniciativa de um pastor que abriu mão da própria casa pastoral para abrigar as primeiras salas de aula, a escola tem como essência a formação integral do aluno.

Hoje, sob a gestão da diretora Cláudia Geórgia e com a coordenação pedagógica de Ana Karla Rodrigues de Araújo Santos, a instituição mantém o compromisso de unir conhecimento acadêmico, valores cristãos e desenvolvimento pessoal.

Educação financeira: do sonho à prática

Em 2019, diante do crescimento da escola e da busca por novas metodologias, a equipe conheceu a proposta da DSOP Educação Financeira. O encontro transformou a visão da direção e fez nascer um projeto que hoje é um dos diferenciais mais fortes da instituição.

“Descobrimos que mais do que ensinar matemática financeira, era preciso mudar mentalidades. Queríamos uma ferramenta de vida para os nossos alunos”, explica Ana Karla.

A partir daí, a educação financeira passou a ser trabalhada de forma transversal, aliada ao empreendedorismo e às disciplinas regulares. Os estudantes aprendem sobre sonho individual, coletivo e familiar, poupança, planejamento e até mesmo práticas de consumo consciente.

Cases de sucesso

Os resultados rapidamente ultrapassaram os muros da escola. Uma das histórias marcantes foi a de uma família que conseguiu realizar o sonho de viajar para a Argentina graças aos ensinamentos recebidos pela filha dentro da escola.

“Eles registraram o sonho no projeto da turma, organizaram-se financeiramente e, no ano passado, conseguiram realizar. Isso mostra que a proposta chega à família inteira”, destaca Ana Karla.

Outro impacto notável é a mudança de comportamento das crianças. Alunos da educação infantil já aprendem, por meio de cofrinhos e moedas fictícias, a relacionar esforço, disciplina e recompensa. Além disso, há também atividades como bazares e feiras de profissões, que simulam lojas e ensinam os estudantes sobre valor do trabalho, planejamento e responsabilidade com o dinheiro.

As famílias confirmam a diferença: despesas domésticas ficaram mais controladas, contas de água e energia diminuíram, e os pedidos insistentes de consumo — como brinquedos e guloseimas em passeios — praticamente deixaram de existir.

Reflexos na escola

Os impactos também chegaram à própria instituição. Se antes a inadimplência era um desafio, hoje a realidade é outra. “Já tivemos mais de 300 alunos, mas a inadimplência era alta. Hoje temos quase 200 estudantes, mas com resultados muito mais positivos e estabilidade financeira”, revela a coordenadora pedagógica.

Além disso, a equipe docente também foi beneficiada. Professores e funcionários, antes envolvidos em ciclos de consumo e endividamento, passaram a adotar uma postura mais consciente após vivências práticas da metodologia.

Projetos futuros

O próximo passo da escola A Seara é ampliar ainda mais essa transformação. Em setembro, será realizado o evento Seara 360, uma “super noite” voltada para apresentar aos pais e à comunidade todos os segmentos trabalhados pela escola, incluindo ensino bilingue, robótica, educação socioemocional e, claro, a educação financeira.

Além disso, a instituição prepara projetos para oferecer formações e até pós-graduações voltadas a pais e professores interessados em aprofundar-se no tema.

Formação para a vida

Mais do que preparar para vestibulares ou carreiras, a escola A Seara entende que a educação precisa formar cidadãos conscientes e responsáveis. “Hoje temos crianças e famílias menos consumistas, mais organizadas e felizes. Isso é transformação social real”, resume Ana Karla.