Os perigos do cartão de crédito para crianças
04/03/2022
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Uma pesquisa feita pelo Portal IG mostrou que vários bancos já estão oferecendo cartões de crédito, adicionais ao do titular, para crianças e jovens.
A justificativa é de que, dado que o “dinheiro virtual” (cartões de crédito e débito) é uma realidade e que, provavelmente, no futuro, será a única moeda, é bom que eles já sejam inseridos desde já.Eu acredito que essa prática irá gerar mais danos do que benefícios. Para se utilizar bem essa ferramenta de compra, primeiro, deve “sentir” o que é ter uma quantidade de dinheiro (moedas ou notas). Poder contar a quantia disponível e o que restou após uma determinada compra é o início do processo de aprendizagem de controle do dinheiro.O dinheiro já é um conceito abstrato, pois o papel moeda representam um valor, o poder para comprar algum produto ou serviço. E, quando se fala de poder, é necessário saber administrar. Uma lei da psicologia (de Lev Vygotsky, psicólogo bielo-russo cuja obra influenciou grandemente a pedagogia contemporânea) fala que a consciência e o controle só aparecem num estágio relativamente tardio de desenvolvimento de uma função, depois de esta ter sido utilizada e praticada inconsciente e espontaneamente. Para submetermos uma função ao controle da inteligência e da vontade, temos que a dominar primeiro.Seguindo os passos da Metodologia DSOP de Educação Financeira, inicialmente, a criança pode, brincando, conhecer os quatro pilares básicos: Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar, para, depois, colocá-los em prática.A partir dos sete anos, é recomendável que a criança receba uma quantidade semanal ou mensal (semanada ou mesada) para administrar. Essa quantidade deve ser em dinheiro vivo (notas ou moedas). Assim, começará a conhecer o valor do dinheiro e aprenderá gradativamente a como controlá-lo.Uma vez que a criança é educada financeiramente e aprendeu a controlar o dinheiro vivo, pode ser o momento para ela começar a ser orientada sobre o uso do dinheiro virtual (cartão de débito) para, só então, aprender a utilizar de forma consciente o crédito.Educação Financeira, sem dúvida nenhuma, deve ser a base. Queimar etapas e permitir que crianças façam uso de um poder o qual não foram ensinadas a controlar irá contribuir na formação de futuras gerações de pessoas endividadas e consumistas.