Poupança no Brasil enfrenta semestres de perdas: veja análise de Reinaldo Domingos
11/07/2024
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A caderneta de poupança no Brasil está enfrentando uma série de desafios, com saques superando depósitos em R$ 2,8 bilhões no primeiro semestre de 2024. Esse resultado reflete um padrão contínuo de perdas que começou em 2021, acumulando um déficit de R$ 229,3 bilhões nos últimos sete semestres.
Segundo Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira, é preciso uma análise detalhada dos fatores que estão impulsionando essa tendência negativa.
“A principal causa que vejo para o aumento dos saques é a perda do poder aquisitivo das famílias brasileiras. Embora a inflação oficial divulgada pelo governo seja baixa, ela frequentemente não reflete a inflação percebida pelos consumidores nos custos essenciais, como alimentação, saúde e transporte. Esse descompasso força muitas pessoas a recorrerem às suas reservas de poupança para cobrir despesas cotidianas”, analisa Reinaldo Domingos.
Outro fator significativo é a falta de educação financeira. Muitos brasileiros não possuem o conhecimento necessário para gerenciar suas finanças de maneira eficaz, resultando em dificuldades para manter suas economias. O aumento da inadimplência também contribui, já que muitos recorrem à poupança para quitar dívidas, devido à sua liquidez e acessibilidade.
“Contudo, existe um fator também relacionado a que investe, que é a baixa rentabilidade da poupança em comparação com outras opções de investimento, como o Tesouro Direto, CDBs e fundos de investimento, também tem levado muitos investidores a buscar alternativas mais lucrativas”, analisa Reinaldo Domingos.
Ele complementa que a remuneração atual da poupança é considerada baixa, mesmo em períodos de juros altos, fazendo com que muitos migrem para investimentos que oferecem melhores retornos.
A rentabilidade das cadernetas de poupança desempenha um papel crucial no comportamento dos investidores. Com a Taxa Referencial (TR) mais 0,5% ao mês ou 70% da taxa Selic, a remuneração é vista como insuficiente para competir com outros investimentos. Essa baixa rentabilidade estimula os saques, à medida que os investidores buscam opções mais lucrativas.
A inadimplência elevada é outro fator significativo que motiva os saques. A perda do poder de compra, combinada com o aumento das linhas de crédito, resulta em um desequilíbrio financeiro para muitas famílias. Muitas pessoas acabam sacando suas economias para ajudar parentes em dificuldades financeiras, perpetuando um ciclo de endividamento.
Mas, mesmo com a baixa rentabilidade, a poupança ainda é o investimento preferido dos brasileiros, conforme mostrado pelo último Raio-X da Anbima. Isso pode ser atribuído à simplicidade, segurança percebida e fatores culturais. Muitos brasileiros foram ensinados a ver a poupança como a principal forma de economizar, o que, aliado à falta de educação financeira, mantém sua popularidade.
Para aqueles que buscam alternativas à poupança, é crucial considerar os sonhos, necessidade e propósitos, além do horizonte de tempo. Algumas opções recomendadas incluem:
– Tesouro Direto: Ideal para objetivos de curto prazo devido à sua alta liquidez e segurança.
– Fundos de Investimento: Oferecem diversificação e rentabilidade superiores, adequados para objetivos de médio e longo prazo.
– CDBs: Oferecem segurança e rendimentos superiores aos da poupança.
– LCI/LCA: Letras de Crédito Imobiliário/Agrícola, isentas de imposto de renda para pessoa física, oferecendo bons retornos.
– Ações e Fundos Imobiliários: Para investidores com maior tolerância ao risco, buscando maiores retornos no longo prazo.
“A sequência de saques maiores que depósitos nas cadernetas de poupança é um reflexo da perda do poder aquisitivo, falta de educação financeira, inadimplência e busca por melhores retornos. Para reverter essa tendência, é crucial promover a educação financeira e o planejamento adequado, ajudando as famílias brasileiras a gerenciar melhor suas finanças e escolher investimentos mais vantajosos”, finaliza Reinaldo Domingos.