Surpresa do Copom: Selic sobe para 12,25% e pode chegar a 14,25% em 2025 – Entenda os impactos para sua vida financeira
17/12/2024
- Artigos
- Economia
- Mídia
Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu o mercado e, na última quarta-feira (11), decidiu elevar a taxa Selic de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano. Com um aumento de 1 ponto percentual, o Banco Central adotou uma dose mais forte para combater a inflação. Além disso, há previsão de que a Selic chegue a 14,25% ainda em 2025, o que promete continuar impactando a economia brasileira.
Com essa alta, o que mais se fala é no impacto nos investimentos, que tende a ser positivo para quem aplica em produtos atrelados à taxa. Porém, a grande maioria da população não é investidora, mas sim endividada, e os reflexos dessa mudança são sentidos em todo o mercado. Para a população consumidora, esses impactos são, na maioria das vezes, negativos.
Isso acontece porque, quando a taxa Selic aumenta, outras taxas de juros também tendem a subir. Ou seja, quem precisa fazer parcelamentos, financiamentos ou tem dívidas a pagar provavelmente verá seus juros aumentarem, o que resultará em contas mais altas.
A consequência desse aumento pode ser ainda mais profunda, afetando também as dívidas já existentes. Imaginemos, por exemplo, os juros do cheque especial ou do cartão de crédito, que já são exorbitantes. Com a alta da Selic, esses juros devem subir ainda mais.
Esse movimento também impacta na realização de sonhos, como a compra de um carro novo ou da casa própria, já que os juros de crédito, como empréstimos e financiamentos, aumentam, limitando a capacidade de consumo e complicando a vida financeira de muitas famílias. A orientação neste momento é analisar as finanças pessoais com cuidado e trabalhar para alcançar uma maior estabilidade, evitando complicações no futuro.
Este processo exige uma mudança de comportamento no uso e na administração do dinheiro, o que implica no fim da era do consumo exacerbado e impulsivo. O momento é de muita cautela e precaução, pois a saúde financeira e a realização dos sonhos das famílias dependerão dessa conscientização. É necessário reestruturar o orçamento financeiro e assumir o controle da situação antes que ela se torne insustentável.
Investimentos
Agora, para quem não está endividado e tem o hábito de poupar para realizar seus objetivos, a alta da Selic pode ser uma boa notícia. Isso torna mais rentáveis as aplicações de renda fixa que são atreladas à taxa, como os CDBs pós-fixados, fundos DI, Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e títulos negociados via Tesouro Direto.
É hora de repensar os investimentos, pois até pouco tempo atrás, com a queda da Selic, a recomendação era buscar produtos que não estavam atrelados a essa taxa. Agora, a orientação muda. Porém, isso não significa que quem tem dinheiro disponível para investir deva colocar tudo em opções de renda fixa.
Lembro sempre que a escolha de investimentos deve ser feita de acordo com o prazo e os objetivos do investidor: curto (até um ano), médio (de um a dez anos) ou longo prazo (acima de dez anos). Para investimentos de curto prazo, por exemplo, essas opções podem ser interessantes. Vale lembrar que a tendência dos juros será de alta nos próximos meses e, no médio prazo, a Selic pode chegar a 10%.
Poupança
Um ponto importante é a poupança, que já atingiu sua trava. Para entender melhor, é preciso lembrar que no passado o Governo Federal criou uma relação entre a poupança e a Selic, que funciona como uma espécie de limite. Quando a Selic ultrapassa 8,5% ao ano, a poupança rende um teto de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é calculada diariamente com base nas taxas cobradas pelas 20 maiores instituições financeiras do país. Ou seja, não importa se a Selic está em 8,5%, 12% ou 20%, o rendimento da poupança será sempre o mesmo.
Isso significa que a poupança deixou de ser um bom investimento? Isso depende do ponto de vista. Embora o rendimento da poupança não seja tão interessante, ela continua sendo uma opção segura para a população que não tem familiaridade com outros tipos de investimentos. Vale lembrar que a parcela da população que investe no Brasil é pequena, e muitas pessoas ainda buscam a caderneta de poupança como forma de guardar dinheiro.
Portanto, a poupança não deve ser criticada de forma absoluta. Ao contrário, ela deve ser incentivada, junto com a educação financeira, para que as pessoas possam, gradualmente, fazer escolhas mais informadas sobre onde investir o seu dinheiro. Mesmo que o rendimento seja baixo, é sempre melhor aplicar o dinheiro na poupança do que deixá-lo parado em casa ou no banco, o que pode gerar perdas ainda maiores.
A crítica à poupança deve ser feita de forma construtiva, ensinando as pessoas a buscar alternativas financeiras mais rentáveis e seguras, sem desconsiderar a importância da poupança como um ponto de partida para quem está começando a se organizar financeiramente.
*Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira e está à frente do canal Dinheiro à Vista. Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.