Seu filho é consumista?
04/03/2022
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Como você apresentou o dinheiro para o seu filho? Ele pede tudo o que vê na TV? Ensinou a ele que o dinheiro é uma moeda de troca? Seus pais lhe ensinaram como lidar com o dinheiro? Não é simples responder a essas perguntas. Certamente, tanto nossos avós quanto nossos pais também não aprenderam como lidar com o dinheiro de forma sustentável. Portanto, nossos filhos, assim como nós mesmos, são muito mais consumistas do que poupadores, por isso, se faz necessário buscar conhecimento sobre o tema educação financeira para que possamos, efetivamente, ensinar nossas crianças a como respeitar o dinheiro e fazer com que ele possa ser o meio para a realização de nossos sonhos.
Diante de tantas oportunidades e publicidades, é normal que as crianças fiquem “hipnotizadas” e acabem querendo ter tudo o que veem pela frente, ficando vulneráveis a qualquer tipo de estímulo, seja ele visual ou influência de amigos, enfim, viram prezas fáceis no mundo consumista.Quem são os culpados dessa história? O marketing publicitário ou as instituições financeiras? Precisamos assumir que tanto a população brasileira como a mundial, exceto algumas culturas, não foram alfabetizados financeiramente, portanto, não podemos combater o sistema, e sim educar para a boa utilização do dinheiro.Cheguei a minha independência financeira aos 37 anos. Vim de família simples do interior, pai ferroviário, mãe autônoma, por isso, posso afirmar que aprendi e me eduquei pela necessidade de, um dia, não precisar depender apenas do dinheiro do meu trabalho. É preciso criar o hábito de poupar e não só de consumir. O consumo faz parte da cadeia; para viver, é preciso consumir, como também, para se tornar uma pessoa sustentável financeiramente, é preciso criar o costume de poupar.Herdamos os hábitos de nossos pais e não é diferente com os nossos filhos. Eles são cópias fiéis dos costumes que criamos ao longo de nossas vidas. Por isso, é preciso combater a verdadeira causa desse consumo não consciente.Mas como faremos para educar financeiramente nossos filhos se nem mesmo somos educados? Nós, pais, temos que trabalhar para garantir que o orçamento financeiro consiga suprir nossas necessidades. Acredito que os adultos têm, sem dúvida, necessidades de buscar pelo conhecimento do letramento financeiro, mas acredito muito mais que o grande agente transformacional que realmente pode selar um novo começo e caminho são as escolas do ensino básico (infantil fundamental e médio).A criança com seus sete anos de idade, já em seu processo de alfabetização, começa a ter melhor conhecimento dos números. O ciclo e hábito de gastar todo o dinheiro que passa por suas mãos, sem dúvida, vêm da base e, quando adulta, não lhe restará outro hábito a não ser o de consumir também.Se quisermos ter crianças, jovens, cidadãos e famílias educadas financeiramente, que sejam consumidores conscientes, é preciso intensificar a inserção da disciplina educação financeira nas escolas do ensino básico privadas e públicas. Centenas de escolas no Brasil já aderiram ao programa de educação financeira, o qual tenho a honra e o prazer de liderar. Junto a essas escolas, o grande agente multiplicador é o professor, que, após receber sua capacitação e treinamento, se educando financeiramente, assume a condição de levar esses ensinamentos a seus alunos, ou seja, nossos filhos. Para que possamos, definitivamente, construir novas gerações conscientes financeiramente, é preciso juntar forças, famílias, escolas, empresas e governo.Para finalizar, chamo aqui a atenção de nossos líderes que educação financeira está embasada nas ciências humanas e não exatas; matemática, cálculos e planilhas são ferramentas que auxiliam na educação financeira, porém, o que realmente muda uma criança ou adulto a consumir de forma consciente, deixando de ser consumista para ser poupadora, são aprender os hábitos corretos de como administrar o dinheiro que passa por nossas mãos, o que gerará costumes conscientes e um comportamento de poupar antes para os sonhos e desejos e gastar depois.Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Eu mereço ter dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país.Fonte: http://www.infomoney.com.br/blogs/financas-em-casa/post/2722394/seu-filho-consumista