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Sonhar… para não se tornar devedor

04/03/2022

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O círculo vicioso do endividamento é familiar a muitos brasileiros, e tende a ficar mais evidente no início do ano, quando as despesas rotineiras – somadas às sazonais, como o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e a compra de material escolar, mais as dívidas herdadas do Natal – obrigam as pessoas a recorrerem a fontes extras de recursos, como cheque especial e cartão de crédito.O economista Paulo Roberto de Sousa se diz um homem feliz neste início de 2011, exatamente por ter rompido com esse ciclo. Ao longo dos últimos seis meses ele deixou a condição de devedor contumaz para se tornar um poupador – e, além disso, uma pessoa com sonhos definidos para curto, médio e longo prazos.O ponto de partida foi um curso oferecido pela empresa de benefícios em que trabalha, a Qualicorp, por meio de parceria com o Instituto DSOP de Educação Financeira. As 16 horas de aula o motivaram a adotar o método proposto pelo instituto, começando por anotar todos os gastos do mês em planilha, com colunas para o dia, o valor e a forma de pagamento da compra.Ele percebeu, com as anotações, muitos gastos mensais direcionados para coisas que atualmente define como supérfluas. A lista incluía sessões semanais de cinema em shopping center, com direito a combos de refrigerante e pipocas, eventuais consumos na praça de alimentação e gastos com estacionamento. Tudo ao custo de pelo menos R$ 100 por final de semana. Fora as “besteiras” diárias, como gorjetas, cafés e doces em geral.PlanejamentoTambém por sugestão do curso, Sousa definiu os seus sonhos de curto, médio e longo prazos. Para cada um deles estimou o respectivo custo; período desejado para realizá-lo; e montante a ser guardado para alcançar a meta.Agora ele sabe que em 2012 vai se candidatar a vereador – o seu sonho de curto prazo. Para viabilizar parte da campanha, decidiu economizar R$ 30 mil até lá – e um terço desse valor foi reservado nos últimos seis meses.A meta de médio prazo é comprar um carro; a casa própria ficou para a fase seguinte. E a preparação para a aposentadoria permeará todas as etapas do planejamento. A ideia é ter independência financeira para não precisar trabalhar a partir dos 60.Todo o esforço da educação financeira propõe mudanças de hábitos. Souza garante que não deixou de fazer coisas prazerosas para migrar da condição de devedor para a de investidor. Mas racionalizou, por exemplo, os gastos em shopping centers. ” Agora só compro o que preciso. Posso ir ao cinema sem comprar o combo de refrigerante mais pipoca. No final do ano fiz o que queria”, exemplificou. Além das roupas pessoais adquiridas, ele conseguiu presentear os familiares no Natal – um prazer que não cabia no seu orçamento há muito tempo.”Não é que eu não adquirisse coisas. Comprei moto, laptop, roupas… mas estava sempre endividado. Eu rolava de 60% a 70% dos gastos mensais no cartão de crédito.” Ele se recorda que, em alguns períodos da vida profissional iniciada aos 13 anos, até poupou algum dinheiro, mas não sabia o que faria com a reserva e se incomodava com a sensação de que os recursos estavam parados, sem um destino certo.Desejos e prazos“O sonho sempre foi o que me trouxe muito combustível. É a base da educação financeira”, afirmou o criador do método DSOP, Reinaldo Domingos. Ele próprio sempre estabeleceu, uma vez por ano, o sonho pessoal e o familiar a serem realizados a curto prazo (período de um ano), médio prazo (até dez anos), e longo prazo (acima de dez anos).”Com essa definição, quando você faz o diagnóstico (a partir da anotação dos gastos), pode ver o que é mais importante. Se você ganha dez e o sonho custa dois, vai ter que adequar o padrão de vida aos oito”, recomendou o educador. Ele afirmou que até um casal com renda mensal de dois salários-mínimos terá condições básicas para comer, beber, vestir e pensar em poupar. “Se eles tiverem um filho, é preciso o dobro dessa renda para viabilizar uma poupança”, disse.O diagnóstico financeiro, o sonho, a definição do orçamento e a poupança compõem os quatro pilares do método criado por Domingos, sintetizados na sigla DSOP que dá nome ao instituto. “Eu me tornei independente financeiramente aos 37 anos”, contou o executivo, também fundador da empresa de contabilidade Confirp, criada em 1986.Segundo ele, o Instituto DSOP também opera fora do Brasil, com unidades licenciadas localizadas em Coimbra (Portugal) e no Japão.Fonte:http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=62263&canal=72

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